quarta-feira, 24 de julho de 2019

OS RIOS VOADORES




Cientificamente denominados como Jatos de Baixos Níveis da América do Sul.

Respirar. Uma necessidade determinante para vida tal qual a conhecemos. O ato de respirar é simplesmente ininterrupto e indispensável para todo ser vivo. Sem a respiração não há vida.

O ar que respiramos possui várias funções na Natureza. De uma delas falaremos neste artigo: os ventos, as correntes de ar. As correntes de ar são vitais para a sobrevivência no planeta.


As correntes aéreas, no caso do Brasil os ventos alísios, sopram do Oceano Atlântico para a América do Sul, na região do equador, e são importantes para levar a umidade do oceano, formada pelo vapor d’água, em direção à Amazônia. É um gigantesco volume de água, transportado pelos ventos alísios, que vai até a Cordilheira dos Andes.

Esses imensos volumes de água, ao chegarem à Amazônia, formam nuvens poderosas, que quando mais pesadas que o ar precipitam em grande quantidade de chuva. Como há uma enorme abundância de água, o trajeto continua e chega até a Cordilheira dos Andes onde são por ela impedidos, pela barreira de montanhas, com altura média de 4.000 metros, de continuar o seu caminho. Nesse momento mudam de direção e seguem para a Bolívia, o Paraguai e os estados brasileiros de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo e, em alguns casos, aos estados da região Sul.


É muita água, em estado de vapor, levada pelo ar. Daí o termo Rios Voadores, que são os responsáveis pelas chuvas que caem nessas regiões e são de grande importância para a manutenção da vida. Na Amazônia, a chuva que cai é absorvida pela terra e volta ao ar pela evapotranspiração, que é a transpiração das árvores, que devolvem água, em forma de vapor, para os Rios Voadores. Na região dos Andes, esse vapor d’água se transforma em chuva e alimenta as nascentes dos rios amazônicos e levam as chuvas para as regiões dos países como Bolívia, e Paraguai e aos estados do Brasil. Sem esses rios de vapor d’água o clima no Brasil seria bem mais seco. Até desérticos.

Para se ter uma ideia da quantidade de água transportada nesse bioma, estudos indicam que, na forma de vapor, são emitidos, diariamente pela floresta, cerca de 3,6 litros de água por metro quadrado, isso significa que uma árvore de 10 metros de diâmetro de copa pode lançar na atmosfera uma média de 300 litros de água em um único dia. Porém uma árvore frondosa, com cerca de 20 metros de copa, joga mais de 1.100 litros para a atmosfera no mesmo período. Pela área da Amazônia – o trecho intocado -, que pôde ser medida através de satélite, que possui cerca de 5,5 milhões de quilômetros quadrados, cientistas concluíram que, através da evapotranspiração das árvores, a floresta lança na atmosfera pelo menos 20 trilhões de litros por dia, o equivalente a 20 bilhões de toneladas de água. Se compararmos com o Rio Amazonas, o mais caudaloso dos rios do mundo, que representa um quinto da água doce recebida pelos mares, lança no Oceano Atlântico cerca de 17 bilhões de toneladas de água.


Para haver a evapotranspiração é utilizada uma grande quantidade de energia solar. As plantas da Amazônia consomem muito dessa energia para a evaporação, fazendo com que a floresta retenha calor e faça com que as outras regiões não sejam tão aquecidas. Daí se poder dizer que a floresta Amazônica é o maior ar-condicionado do planeta. A umidade levada para o sudeste e centro-oeste brasileiros faz com que essas regiões não se tornem desérticas, como países na mesma faixa subtropical que são desertos como o Kalahari, o Australiano, o da Namíbia e o Atacama localizados em regiões próximas da mesma latitude.



Isso é um pouco do que podemos dizer sobre Rios Voadores. São importantes na manutenção da umidade, na incidência de chuvas e no retardar do aquecimento do planeta graças à utilização do calor para a evapotranspiração.



Márcio Vieira DRT 4430