Pioneira do movimento orgânico no País, a agrônoma Ana Primavesi completou 90 anos no domingo
No domingo, dia 3, o movimento orgânico no Brasil comemorou uma data especial: uma das pioneiras na agricultura orgânica no País, Ana Primavesi, completou 90 anos. Há 68 anos, desde que se formou em agronomia, na Escola Rural de Viena, Áustria, Ana Primavesi voltou-se ao estudo da vida do solo. "Ninguém queria estudar o solo, era uma coisa inesperada naquela época", lembra ela, em entrevista concedida ao Estado na semana passada.
A simplicidade de seus pensamentos, aliada à força de suas convicções e seu conhecimento sobre a ecologia do solo, cativam qualquer ouvinte.
"Em todos esses anos cada vez mais eu percebo que a questão não é só não utilizar adubos químicos e agrotóxicos para ter uma agricultura orgânica", ensina. "O fundamental é manter o solo vivo; assim se conseguem lavouras extremamente produtivas e saudáveis", diz ela, exemplificando: "Uma planta precisa de 45 nutrientes para crescer bem, e não apenas três (nitrogênio, fósforo e potássio), como prega a agricultura convencional, que é feita sobre um solo morto."
Produtividade
Ela garante que, se o solo está vivo, saudável, é possível produzir até três a quatro vezes mais do que na agricultura convencional. Para recuperar um solo morto, porém, leva tempo. "No mínimo quatro anos", diz. É preciso, segundo Ana Primavesi, trabalhar para reagregar o solo. "E o que agrega o solo é vida - e a vida do solo, os microrganismos, precisa de comida, que é matéria orgânica, restos vegetais principalmente", ensina ela, ressaltando que, infelizmente, o agricultor está condicionado, de 4o anos para cá, a achar que a "salvação da lavoura" vem pela química. "O agricultor é lento para mudar de ideia, mas ele vai perceber que essa adubação química só mata o solo morto."
Texto do ESTADÃO
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