quarta-feira, 11 de setembro de 2019

O CERRADO




11 de setembro. Uma data muito importante para a Natureza, mas que a grande maioria nem sabe da existência. É o Dia do Cerrado que comemoramos hoje. Mas será que há o que comemorar? Ou há, sim, o que conscientizar?



Em quase todo o território nacional o que se vê é devastação, com queimadas, desmatamentos, caça predatória, pesca predatória e uma falta total de comprometimento com o meio ambiente. Não só da população em geral, mas do poder público que possui condições de impedir o prosseguimento dessa destruição que afeta a todos.



A seguir falaremos um pouco sobre esse bioma tão importante para todos. Pois não se engane: o que se destrói aqui repercute em qualquer outra parte do planeta, sempre trazendo mais destruição.  



Com 2.000.000 de km², compreendendo grande parte do território brasileiro e considerado a maior savana do mundo em biodiversidade, o Cerrado é o maior bioma brasileiro em extensão. Está localizado entre as maiores bacias hidrográficas da América do Sul; São Francisco, Prata e Tocantins-Araguaia e é isso faz com que a sua biodiversidade seja tão rica.



O Cerrado brasileiro compreende os estados de Tocantins, Bahia, Amapá, Piauí, Maranhão, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e o Distrito Federal.



Clima



Tropical sazonal e com inverno seco. Esse é o clima predominante do Cerrado. A média anual da temperatura chega a 25°, mas há registros que chegam a 40° durante a primavera. A temperatura mínima pode chegar a até menos de 10° nos meses de maio, junho e julho. Chove uma média de 1.200 a 1.800 milímetros entre os meses de outubro e abril, sendo que as precipitações se intensificam nos meses de dezembro e janeiro. Na primavera e no verão ocorrem curtos períodos de seca e entre maio e setembro os índices pluviométricos desabam e podem chegar a zero.



O solo resseca bastante nos períodos de estiagem, na sua superfície. Porém estudos provam que nas camadas mais profundas existe concentração de água, através da observação das árvores ao perderem líquido no processo de transpiração.



A radiação solar é intensa, porém a nebulosidade nos meses chuvosos a reduz bastante. Com poucos ventos, a atmosfera local é quase parada. Poucos são os ventos fortes no Cerrado. Apenas no mês de agosto é possível presenciar redemoinhos a levantar cinzas das queimadas e podem ser vistos de longas distâncias.





SOLO



Datados do Período Terciário, os solos do Cerrado são variados. Quase sempre de cor avermelhada, porosos e também permeáveis e sofrem processo de lavagem da camada superficial do solo pelo escoamento de águas superficiais, chamado de lixiviação. Em outras regiões existem formações de couraças que impedem a absorção da água das chuvas impossibilitando que se formem vegetações mais exuberantes. Isso também dificulta que a agricultura se desenvolva no local. É um solo predominantemente arenoso e argiloso, contendo argila, areia e silte. Isso provoca uma incapacidade do solo para reter água.



Os pontos mais elevados do Cerrado atingem de 500 a 1.385 metros. Dentro dessas medidas podemos encontrar: A Serra dos Pireneus, Chapada dos Veadeiros, Serra do Jerônimo, dentre outras menores.



São poucas as áreas planas no Cerrado. O terreno é bastante acidentado e possui morros onde é possível encontrar bastante pedregulhos. Há cavernas e grutas de diversos tamanhos, floresta-galeria ao longo de riachos e lagoas.








FLORA



Chapadões com vegetação esparsa, árvores retorcidas, gramíneas formando um imenso tapete. Essa é a principal característica da flora do Cerrado. Tudo é muito verde durante o período de concentração das chuvas nos dias mais longos e quentes do verão. Diferente do inverno, quando o capim fica mais amarelado e os arbustos trocam a folhagem.



A flora do Cerrado é bastante diversificada. O Cerrado é conhecido como a savana que contém a maior biodiversidade do mundo. Com 11.627 espécies de plantas nativas, dentre elas 4.400 espécies endêmicas. Podemos citar algumas espécies nativas: babaçu, guabiroba, buriti, jatobá, macaúba, jabuticaba, pequi, aroeira-pimenteira, gravatá, cactos, orquídeas e uma infinidade de outras espécies.    





FAUNA



Há uma abundância de espécies em todos os seus ambientes. Até o momento são conhecidas 1.500 espécies de animais. Entre os vertebrados (aves, mamíferos, peixes, anfíbios e répteis) e invertebrados (moluscos, insetos etc.). Das 524 espécies de mamíferos, cerca de 161 estão presentes no Cerrado. O Cerrado abriga 837 espécies de aves (29 endêmicas), 12 espécies de répteis (40 endêmicas), 150 de anfíbios (45 endêmicas). No Distrito Federal estão presentes 90 espécies de cupins, 500 de abelhas e vespas e 1.000 espécies de borboletas.

 

O Cerrado passa por sérias modificações nos seus diversos habitats devido à ação do homem. Várias espécies estão ameaçadas de extinção. Dentre elas podemos citar: O tamanduá-bandeira, o lobo–guará, o falcão-de-peito-vermelho, a anta, o pato-mergulhão, o tatu-bola, o tatu-canastra, o cachorro-vinagre, o cervo-do-pantanal, a lontra e a ariranha.









O CERRADO SOFRE



Em apenas 50 anos esse bioma já perdeu grande parte da sua biodiversidade. Do seu tamanho original está hoje reduzido a 41%, dados do Ministério do Meio Ambiente. A expansão agrícola é o maior causador dessa perda e o extrativismo vem e segundo lugar. A agricultura, para se expandir, necessita desmatar e é o que vem acontecendo no Cerrado.



Outro golpe que vem comprometendo a biodiversidade do Cerrado é gerado pela pecuária. Os intensos desmatamentos para a criação de pastagens são enormes. Além de descaracterizar o bioma na sua paisagem, muitos animais correm o risco de extinção com a perda do seu habitat. O mesmo acontece com as espécies endêmicas de vegetais.



IMPORTÂNCIA



Em primeiro lugar, pensando no meio ambiente, na biodiversidade, na preservação da vida, não apenas no bioma, mas em todo o planeta, o Cerrado deve ser defendido e preservado.



Algumas espécies nativas de vegetais (mais de 200) possuem propriedades econômicas e medicinais. Das variadas espécies, algumas já patenteadas por indústrias farmacêuticas, podemos exemplificar:



·         Barbatimão – árvore cuja casca, folhas e raízes são utilizadas para a cicatrização de úlceras e feridas;

·         Pacari – árvore cujas entrecascas e folhas são utilizadas para tratamento de úlceras e gastrites;

·         Rufão – planta que se desenvolve entre moitas. Suas raízes são utilizadas para fazer chás e garrafadas. Com a raiz tratam-se anemias e inflamações no estômago e intestinos.




Além disso, outra importância desse bioma corresponde às populações indígenas. Esses povos têm nesse bioma o seu sustento. É dele que extraem recursos naturais para a sobrevivência. O bioma precisa ser preservado para que essas populações consigam sobreviver. As principais comunidades indígenas que habitam o Cerrado são os Avá-Canoeiros, Xerentes e os Karajás.





Por Márcio Vieira - Reg. 4430


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