O texto trata de quatro temas principais ligados ao
aquecimento global e o degelo: aumento no nível do mar, mudança dos
ecossistemas marítimos, redução do permafrost – o
solo que passa todo o ano congelado, na Rússia, Canadá e Alasca – e ondas de
calor no mar.
O documento analisa uma série de estudos científicos
publicados até maio de 2019, que comprovam que os níveis do mar estão subindo.
Destaques do relatório do IPCC:
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Área em que houve derretimento da camada de permafrost, na península de
Yamal, Rússia — Foto: Steve Morgan/Greenpeace/Divulgação |
- Até
o ano 2100, se nada for feito, o aumento do nível do mar pode alcançar
até um metro de altura; isso pode acarretar a retirada de milhões de
moradores de áreas costeiras e ilhas.
- Com
o aquecimento da água, oceanos se tornarão mais ácidos, alterando a
vida marinha; ainda que se limite o aquecimento a 1,5°C, os recifes de
coral já estão quase todos condenados.
- O
degelo do permafrost vai liberar mais de 1,5 mil gigatoneladas
de gases de efeito estufa – isso é quase o dobro do carbono que
atualmente está na atmosfera.
- Até
o final deste século, a frequência de ondas de calor marinhas pode
aumentar em 50 vezes, chegando a uma variação de 3℃ ou 4℃.
Aumento do nível do mar
O nível do mar deve aumentar em até um metro nos próximos
80 anos, caso nada seja feito, alerta o IPCC. De acordo com esses
especialistas, há uma tendência de elevação do nível do mar que não era
observada em séculos passados. Atualmente, diz o relatório, há variação nos
níveis em uma taxa anual.
Esse aumento poderá causar estragos, segundo o
painel, em áreas mais expostas, como as regiões costeiras e as ilhas. Isso por
conta do derretimento da calota polar ártica. Há também a previsão de aumento
nas incidências de ciclones e tempestades em zonas tropicais.
Os cientistas também projetam uma mudança nas marés que
podem ampliar os efeitos dessa mudança nos níveis do mar. Há mais risco para os
moradores de áreas costeiras já a partir de 2050, caso não haja atitude de
governos para conter o aquecimento global
De acordo com Administração Oceânica e Atmosférica Nacional
(NOAA), dos EUA, o nível do mar está hoje 8 centímetros acima da média
observada em 1993. Segundo essa agência, desde 2011 se observou um aumento
consecutivo nos níveis registrados.
Impactos nos ecossistemas
A mudança na criosfera impacta a vida de espécies que
dependem da água doce, diz o relatório. O derretimento de coberturas de gelo
alterou a dinâmica e o funcionamento de ecossistemas em algumas regiões do
mundo.
Os
cientistas apontaram para um aumento nas taxas de queimadas em zonas que antes
eram ocupadas pelo permafrost, assim como notaram uma transformação na
vida do ártico, com momentos mais quentes. Tudo isso altera a dinâmica natural
da vegetação.
O aquecimento global também mudou os ecossistemas
costeiros, alerta o estudo. Com a variação climática, há maior acidificação da
água (diminuição do pH), há menos oxigênio disponível e aumento da salinidade
das águas.
Os
impactos já podem ser observados nos habitats marinhos, como é o caso dos
recifes de coral.
Segundo o estudo, ainda que se mantenha controlado o
aquecimento global para baixo de 1,5°C, 90% das espécies já estão condenadas.
Por que cuidar da criosfera?
O relatório destaca a importância do oceano e da criosfera
para a vida na Terra. Juntas, elas cobrem quase 80% da superfície do planeta.
De acordo com os especialistas, elas exercem funções fundamentais para o
controle das emissões na atmosfera. Mas, por conta dos efeitos do aquecimento
global, chegarão a limites sem volta.
Nas últimas décadas, o aquecimento global
reduziu a criosfera e, com a diminuição da cobertura congelada do solo, houve
um aumento da temperatura do solo. Isso impede a renovação dessa cobertura.
De acordo com imagens de satélite estudadas pelos
cientistas do painel, a cobertura de gelo no ártico atingiu níveis históricos
de redução, chegando a cobrir 2,1 milhões de km².
Próximo relatório e reuniões
Esse é o segundo relatório do IPCC neste ano. Em agosto, o
painel publicou uma análise sobre como
o aquecimento global pode reduzir safras e lançou um alerta para a
conservação de florestas tropicais.
Em novembro, acontece no Chile a 25ª Conferência das Partes
da Convenção do Clima das Nações Unidas. O Brasil havia sido cotado para sediar
o evento, mas o governo brasileiro desistiu.
Matéria transcrita do G1
Por Márcio Vieira - Reg. 4430
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