sexta-feira, 18 de setembro de 2020

O PANTANAL E AS QUEIMADAS

  


A queimada é uma prática primitiva, utilizada por agricultores, com o objetivo de limpar a terra para o plantio, ou dos pecuaristas, para a formação de pasto. Esse modo de agir pode ser de forma controlada, porém, se descontrolado, causa incêndios nas florestas e em grandes espaços de terra. Os danos mais importantes das queimadas estão na destruição da fina camada da matéria orgânica, situada na superfície dos terrenos, que possuem cerca de 30 a 40 cm de espessura.

Durante 12.000 anos de queimadas realizadas pelos índios – consideradas nocivas por alguns estudiosos –, na Amazônia, não destruíram. Na realidade mantiveram o equilíbrio natural. Porém a partir do ano de 1.500, a cultura europeia de queimadas para preparar a terra para a agricultura, passa a destruir a flora e, por conseguinte, a fauna é extremamente prejudicada. Esse tipo de ação, aliada ao cultivo da monocultura, acabou por aniquilar muitas espécies nativas.

O maior incêndio

As queimadas no Pantanal, entre os estados de Mato Grosso de Mato Grosso do Sul, são consideradas o maior incêndio da região. Somente este ano, de janeiro até agora, mês de setembro, 2,9 milhões de hectares já foram queimados, de acordo com o Centro Nacional de Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo). De acordo com Instituto SOS Pantanal, isso representa, aproximadamente, 19% do bioma no Brasil.  

O instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já registrou cerca de 15,4 mil focos de calor, ou seja, possibilidades de incêndios no Pantanal. Desde 1999, quando teve início as análises, esse é considerado o maior número já contabilizado. Estima-se que leve cerca de 30 a 40 anos para que o bioma se recupere.

Esses incêndios podem causar sérios problemas à vida em geral. Impossível estimar a quantidade de animais mortos e a cada dia aumenta a quantidade, seja devido a fome, desidratação, desnutrição, aspiração de fumaça e infecções causadas pelas queimaduras. As populações humanas também acabam sendo prejudicadas, com problemas respiratórios. Populações ribeirinhas foram levadas ao êxodo.

70% das palmeiras de acuri e bocaiúva, utilizadas pelas araras azuis, para alimentação e construção dos seus ninhos, já foram destruídas pelo fogo. A arara azul e a onça pintada são bastante ameaçadas junto com a maioria da população silvestre local.           

Já é constatado que as queimadas foram ocasionadas pela ação humana proposital. A Delegacia do Meio Ambiente está à procura dos responsáveis.

Ministro cancela combate

O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, cancelou o combate às queimadas na Amazônia e no Pantanal alegando corte de R$ 60,7 milhões que seriam destinados a Ongs de preservação do meio ambiente e mais R$ 120 milhões que vão ser cortados do orçamento da pasta para 2021. Com isso, apenas voluntários lutam para tentar conter as chamas, que aumentam a cada dia, e criaram um posto de atendimento a animais silvestres e distribuindo alimentos e água às margens da rodovia Transpantaneira. Além disso procuram pontos de água onde os animais ameaçados posam buscar abrigo.

O fogo teve início em propriedades particulares, protegidas por lei, porém se alastrou até territórios de reservas indígenas.

Inércia e descaso

O que se vê é uma exagerada destruição do meio ambiente e a inércia do poder público para dar um fim ao problema. Até as Ongs estão sem condições de atuar, pela falta de incentivos do Governo Federal, com cortes de verbas e notoriamente seu profundo desinteresse em solucionar um problema que chega ao ponto de tornar-se totalmente fora de controle.

As Queimadas e os Rios Voadores

Um dos maiores causadores do exagerado incêndio no Pantanal está a quilômetros de distância. O problema começa na Região Norte, na Amazônia. Tempos atrás publicamos neste blog um artigo sobre os Rios Voadores. Eles são os responsáveis pela umidade que chega às regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul. Os ventos alísios, que sopram do Oceano Atlântico e são barrados na Cordilheira dos Andes e formam um ciclo que impulsiona a umidade da floresta para essas regiões. Quando isso não acontece, devido aos desmatamentos e incêndios, também, na Amazônia, esse ciclo é interrompido e a umidade da floresta não chega a essas regiões, causando a secura, com redução das chuvas e da umidade no Pantanal, provocando esses incêndios de grandes proporções como que vemos nos últimos meses.

Ano atípico

As alterações climáticas têm grande participação nesse fenômeno, dizem os analistas ambientais. 2020 é considerado um ano atípico: as chuvas estão abaixo da média e as temperaturas muito acima, o que altera significativamente as vazantes e cheias do Pantanal. A última vez que houve grande seca no Pantanal foi em 1970.  A cheia desse ano é uma das menores desde lá, o que possibilita a ocorrência de grandes incêndios em florestas.

Especialistas são unânimes em afirmar que todos os incêndios no bioma Pantanal, este ano, foram causados pela ação humana. Descartaram os provocados por descargas elétricas, pelo simples fado de não ter chovido na região nos últimos meses.

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