segunda-feira, 2 de março de 2009
O ILÍCITO CONDENA O “ILÍCITO”
Tive, recentemente, a oportunidade de escutar no rádio algo que considero um grande absurdo, dentro dos grandes absurdos que acontecem nesse País. Foi na Band News, quando da apresentação de uma reportagem sobre a ajuda que a União presta ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Indignado, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Gilmar Mendes, declarou ser ilícito o Governo Federal ajudar economicamente o MST, pois ajudar uma instituição considerada ilícita é um ato ilícito. Será que conceder habeas corpus a um “criminoso de colarinho branco”, por duas vezes, o qual mais tarde seria condenado por crimes de corrupção ativa, não é também um ato ilícito?
Imediatamente, o jornalista Boris Casoiy entrou com o seu costumeiro e “enérgico” comentário, no qual criticava veementemente o Governo Federal. No comentário Casoy se dirige ao ouvinte e afirma: “É você, caro ouvinte, quem está pagando por esse absurdo. É do seu bolso, dos seus impostos que sai essa ajuda para esse movimento ilícito, é você quem paga a alimentação e o vestuário deles”.
O que mais estranhei, nesse acontecimento, foi certa banalidade em relação ao que é feito com o nosso dinheiro, os impostos que pagamos. O leitor entenderá a minha estranheza mais abaixo. O resultado da arrecadação com estes impostos, pelo que me consta, deveria ser aplicado em ações sociais, como incentivos à educação, à saúde pública, ao saneamento básico, à geração de emprego, à reforma agrária, etc. Porém, o que mais me impressionou foi o fato de Boris Casoy utilizar um discurso ideológico, dentro dos moldes hegemônicos de uma elite – uma minoria implacável – que domina esse país há séculos e que nem de longe admite ouvir falar em reforma agrária, quanto mais aceitar executá-la. Digo isso porque considero inadmissível tecer críticas a esse ato do Governo Federal: a ajuda a pessoas que lutam por uma grande necessidade, um grande e valioso ideal, que é ter um pedaço de terra para produzir alimento destinado ao seu sustento e, quem sabe, em futuro próximo, também abastecer o mercado com os seus produtos.
Claro que não sou a favor de certos excessos cometidos pelo MST - como ocupar fazendas consideradas produtivas -, mas se houvesse um interesse maior de se realizar um reforma agrária, que tanto é necessária, a situação seria outra. Lembremo-nos que Fidel Castro, na Revolução Cubana, na hora de implantar a reforma agrária não poupou nem as terras da própria família, o que gerou em sua mãe um profundo desgosto, a qual morreu sem perdoá-lo. Lá, a reforma foi feita.
O jornalista, durante o seu discurso, esqueceu-se do outro lado da moeda: o quanto a União gasta para pagar os exorbitantes salários dos senadores e deputados federais, em sua grande maioria ligados ou dominados pelos interesses dessa elite - digo mais uma vez implacável, legislando quase sempre em seu interesse. Esse dinheiro também sai do nosso bolso, Casoy. Somos nós quem sofremos essa sangria diária para ver somente os interesses dessa minoria serem debatidos e atendidos.
A quem será mais justo sustentar? Aos que necessitam e que lutam por justiça social, ou aos que lutam pelos próprios interesses e que “ganham” altíssimos salários e quase nada de importante realizam para uma população carente e que é a maioria?
Eu prefiro sustentar os primeiros.
Leia mais sobre o assunto em Carta Capital.
Leia também no Observatório da Imprensa.
Imediatamente, o jornalista Boris Casoiy entrou com o seu costumeiro e “enérgico” comentário, no qual criticava veementemente o Governo Federal. No comentário Casoy se dirige ao ouvinte e afirma: “É você, caro ouvinte, quem está pagando por esse absurdo. É do seu bolso, dos seus impostos que sai essa ajuda para esse movimento ilícito, é você quem paga a alimentação e o vestuário deles”.
O que mais estranhei, nesse acontecimento, foi certa banalidade em relação ao que é feito com o nosso dinheiro, os impostos que pagamos. O leitor entenderá a minha estranheza mais abaixo. O resultado da arrecadação com estes impostos, pelo que me consta, deveria ser aplicado em ações sociais, como incentivos à educação, à saúde pública, ao saneamento básico, à geração de emprego, à reforma agrária, etc. Porém, o que mais me impressionou foi o fato de Boris Casoy utilizar um discurso ideológico, dentro dos moldes hegemônicos de uma elite – uma minoria implacável – que domina esse país há séculos e que nem de longe admite ouvir falar em reforma agrária, quanto mais aceitar executá-la. Digo isso porque considero inadmissível tecer críticas a esse ato do Governo Federal: a ajuda a pessoas que lutam por uma grande necessidade, um grande e valioso ideal, que é ter um pedaço de terra para produzir alimento destinado ao seu sustento e, quem sabe, em futuro próximo, também abastecer o mercado com os seus produtos.
Claro que não sou a favor de certos excessos cometidos pelo MST - como ocupar fazendas consideradas produtivas -, mas se houvesse um interesse maior de se realizar um reforma agrária, que tanto é necessária, a situação seria outra. Lembremo-nos que Fidel Castro, na Revolução Cubana, na hora de implantar a reforma agrária não poupou nem as terras da própria família, o que gerou em sua mãe um profundo desgosto, a qual morreu sem perdoá-lo. Lá, a reforma foi feita.
O jornalista, durante o seu discurso, esqueceu-se do outro lado da moeda: o quanto a União gasta para pagar os exorbitantes salários dos senadores e deputados federais, em sua grande maioria ligados ou dominados pelos interesses dessa elite - digo mais uma vez implacável, legislando quase sempre em seu interesse. Esse dinheiro também sai do nosso bolso, Casoy. Somos nós quem sofremos essa sangria diária para ver somente os interesses dessa minoria serem debatidos e atendidos.
A quem será mais justo sustentar? Aos que necessitam e que lutam por justiça social, ou aos que lutam pelos próprios interesses e que “ganham” altíssimos salários e quase nada de importante realizam para uma população carente e que é a maioria?
Eu prefiro sustentar os primeiros.
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Bela análise. Gostei dos seus comentários.
ResponderExcluirAbraços,
José Carlos Ribeiro.