terça-feira, 5 de maio de 2009

Trator do agronegócio tenta, mas não consegue atropelar o senado

Fracassou a empreitada da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) de organizar uma audiência pública entre todas as comissões do senado para convencer os senadores da necessidade de destruir as legislações ambientais em prol do agronegócio, por meio da revisão do Código Florestal. A senadora, que é também presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), levou a debate, hoje, o estudo de um pesquisador da Embrapa que conclui que, por conta das áreas ambientais protegidas, o Brasil tem menos de 30% de terras disponíveis para a produção agropecuária.

O relatório "O Alcance da Legislação Ambiental Territorial" é de autoria de Evaristo de Miranda, chefe da Embrapa Monitoramento de Satélite. Apesar do cargo, Miranda não respondeu a senadora Marina Silva (PT-AC) que perguntou se ele estava falando pela Embrapa, gerando dúvidas se a instituição reconhece a pesquisa, cheia de erros conceituais e metodológicos. Técnicos da Embrapa afirmaram na imprensa que o estudo é falso.

Antonio Herman Benjamin, ministro do Superior Tribunal de Justiça jogou uma pá de cal na reputação de Miranda. Ele esclareceu à platéia que Miranda é também autor de um estudo encomendado pela indústria canavieira que conclui que Ribeirão Preto, município conhecido pela poluição atmosférica causada pela queima da cana, tem a mesma qualidade de ar que Atibaia, considerada pela Unesco a cidade com melhor clima do mundo.

“Esse estudo não tem base científica alguma. Era só um objeto de cena que Kátia Abreu incorporou no espetáculo montado”, disse Sérgio Leitão, diretor de campanhas. Para compor a platéia do seu espetáculo, Kátia Abreu levou ao senado, representantes de 27 federações do setor agropecuário. “O tiro saiu pela culatra. Ficou bem claro que a verdadeira intenção por trás desse relatório é acabar com a legislação ambiental. A farsa foi desmontada”, afirmou.

No dia anterior, em outra audiência, também organizada por Kátia Abreu o que esteve em discussão foi a Medida Provisória 458, conhecida como MP da Grilagem. Na ocasião, a senadora defendeu a regularização fundiária na Amazônia. Para o Greenpeace, a proposta da senadora nada mais é do que uma anistia aos erros do passado e um estímulo para que eles se repitam no futuro.

“O problema dos representantes do agronegócio é que eles se comportam como crianças mimadas. Recebem incentivos, anistias, financiamentos, mas estão sempre querendo mais. Com a MP 458, eles querem avançar nas áreas de conservação e acabar com a legislação ambiental”, diz Leitão.


Fonte: Greenpeace

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