terça-feira, 18 de agosto de 2009
Abramovay: Possível candidatura de Marina Silva abre caminho para virar a mesa a favor da nova economia
A possível candidatura da senadora Marina Silva (PT-AC) à Presidência da República abre o caminho para se discutir o desenvolvimento econômico e a inovação tecnológica voltados para a preservação dos recursos naturais, eficiência energética e novos padrões de consumo, disse Ricardo Abramovay, economista da Universidade de São Paulo (USP), durante debate sobre a nova economia verde promovido pelo Banco Itaú Unibanco.
"A [possível] candidatura da Marina trouxe novidades que nenhum dos principais partidos estavam prevendo no cenário político", disse o pesquisador.
Segundo ele, o espaço aberto pela ex-ministra do Meio Ambiente e ativista ambiental introduz no debate político, de forma mais evidente, os problemas ambientais causado pela lógica econômica ortodoxa, para a qual os recursos naturais são infinitos.
"Os processos de gestão nas empresas precisam mudar", disse "É ficção científica que a economia é um ciclo fechado."
Abramovay explicou que, com o crescimento da renda e da eficiência do setor produtivo, a economia agora está ocupando todo o espaço do meio ambiente, consumindo os recursos naturais numa velocidade maior do que sua reposição. Para ele, é preciso que todos o atores sociais pensem em mudar o modelo econômico para permitir a reprodução do meio-ambiente.
Também afirma que um dos caminhos é a inovação, por possibilitar mudanças enormes, tanto no que diz respeito aos novos produtos, quanto aos processos. O outro caminho possível é por meio de mudanças nos padrões de consumo, tanto de energia, quanto de bens duráveis e não duráveis.
"A inovação tecnológica não é mais o aço," lembrou. "A era do petróleo não vai acabar por falta de petróleo, como a era da pedra não acabou por falta de pedra. Ela vai acabar porque as alternativas ao uso destes recursos vão abrir horizontes para a inovação, com mudanças que a gente não pode nem imaginar ainda."
Um dos possíveis caminhos para a inovação, além da busca por eficiência energética, vai ser o da biomimética. pela qual os designers estudam animais e plantas para reproduzir suas funções e sistemas.
Mas, segundo o pesqusiador, a mudança terá que se dar no âmbito político, pois existem muitas forças que querem manter o sistema atual, já que ele traz ganhos financeiros satisfatórios para alguns.
"As instituições atuais são avessas à organização do mundo em outros padrões", disse. "O meio-ambiente continua sendo uma externalidade para o governo e para as empresas."
Fonte: Revista Sustentabilidade
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